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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Infância em Jacaraci

Filha de Joaquim Carlos um grande contador de histórias, nasci em Jacaraci Bahia, numa fazenda de gado com plantação de milho, feijão, arroz, mandioca, hortaliças e pomar. O rio de água transparente era perene até minha adolescência, ano ao qual mudei para a cidade e estudei o primeiro grau na escola com o nome da falecida comarca da sede ( EE Zuleide Freire de Abreu) e ensino médio no Centro Educacional Municipal Julieta Cardoso David ( Antigo CENEC)


Aprendi com ele a interpretar contos e o prazer em criar um enredo interessante. O meu mestre é conhecido pelos seus incríveis teatros. Todos da minha cidade natal lhe conhece pela suas encenações. Nunca cobrou ingressos para seus espetáculos.

Apesar de sofrer bullyng (que eu conhecia como sessão de espancamento antes e depois das aulas), sinto saudades das brincadeiras da minha infância.
Na aurora da minha vida, eu e meu irmão Daniel brincávamos de pega-pega em cima do pé de manga onde pulava de um galho para outro, meu primo galego me chamava de Gaivota, até hoje desconheço o motivo.
Jogávamos beisebol com um pedaço de ripa e a bola era uma laranja. Era muito engraçado, pois a fruta muitas vezes seca, se quebrava na primeira tacada e passávamos a tarde inteira jogando com outras dando tacadas sem poder correr pelas bases, já as bolas se desfaziam em migalhas. Naquela época, nós imitávamos o beisebol, Suziene e Maurineia colegas do grupo escolar Presidente Juscelino Kubstichec e vizinhas se juntavam ao nosso jogo, que na nossa versão era composto de quatro membros: dois lançadores-apanhadores e dois rebatedores-corredores.
Fascinada com as cores e aspectos dos "cabelos" das espigas de milho verde, eu as usava para brincar de boneca com as meninas na fazenda Pedrinhas. A fazenda tinha esse nome porque gente das regiões vizinhas aproximavam com seus carros de boi para levar pedras para construções de casas de engenho, residencia dos empregados casarões para se mesmo.
Tinha um clube secreto no meio do mato tão secreto que só existia na minha imaginação. Minha irmã Júlia ensinou fazer esculturas de pessoas, carros e diversos objetos com massinha, quero dizer argila e também fazer tranças com plantas aquáticas e tapeçaria com folhas de coqueiros.
Nosso escorregador era de lama e eu andava tanto descalça sobre a areia que nem sentia os espinhos perfurando os pés ou a queimadura de uma brasa. O vizinho (já adulto )teve que fazer uma operação para retirar um cravo (espinho enraizado)do pé.
Era tanta as nossa peraltices que não cabe em um livro.
[Infancia de Jussara  Carvalho Souza]