Amor iluminou minha Vida
A turma estava se preparando para dar adeus 8ª série e começou usufruir certas regalias. Já era hora de revelar os protegidos de cada amigo secreto, então, Welliton convidou a galera para um churrasco na fazenda onde morava e Michelly não continha a ansiedade de conhecer a casa onde o gênio se escondia.
Pelo regimento de Silvaneide, Michelly não iria fazer a viagem paradisíaca para despedida do primeiro grau. Na verdade queria curtir um sonho de verão numa praia, mas como não tinha acompanhante para uma semana de amor, não se opôs. Além disso, tinha em mente convencer a sua responsável a deixá-la participar de outro evento escolar e sabia que esta seria uma tarefa difícil.

_ Todos os estudantes estarão lá. Oh vó! Deixe-me ir. Não seja malvada!
_ Calada! Já disse que não vai.
_ Toda a galera vai a Porto seguro, já reservaram hotel, contrataram a cozinheira, compraram protetor solar...
_ Quanto luxo! Isso que acontece quando o governo resolve colocar os jovens na escola. Agora só pensam em estudar e ficar pra cima e pra baixo dizendo que vai fazer trabalho de escola. Eram o que esses preguiçosos queriam, uma boa desculpa para ficar de pernas pro ar. “ Não posso trabalhar porque a escola me espera. Tenho que ir a casa do colega estudar” e de lá sabe Deus onde vão. O governo criou essa lei para vagabundos e nos tira o direito de educá-los a moda antiga, eu só quero saber o que vai fazer quando esses estudantes se formarem e se tornarem adultos desempregados.
_ Justamente por isso que todos têm direito a educação, para tornarem mais capacitados para enfrentar grandes obstáculos.
_ Não vejo como.
_ Quem está bem informado tem mais chances em corresponder as espectavas do mercado de trabalho. Pois o que falta não é emprego e sim pessoas capacitadas. E diversão é ótimo remédio para a saúde mental.
Silvaneide não esperou Michelly terminar o discurso, sentou-se a máquina de costura para ignorá-la. Ao perceber que falava sozinha, Michelly foi atrás de uma resposta.
_ E quanto a mim?


_ O que tem você?
_ Sei que gostaria que a população vivesse na idade da pedra...
_ Naquela época pelo menos tinha mais respeito ao ...
_ Felizmente os tempos mudaram e faço parte da modernidade.
_ Da sem-vergonhice
_ Não conhecerei o mar dessa vez, mas a senhora não pode me negar participar de uma reunião estudantil.
_Quem vai levar?
_ A porto Seguro? O ônibus escolar. A fazenda Queda D'água, o carro da prefeitura.

_ Pois bem. Já fez a faxina da semana?
_ Tudo limpinho.
_ As roupas da casa?
_ Lavada e passada.
_ Quanto as de cama mesa e banho?

_ Mais uma coisinha...
_ O quê?
_ Vou pensar no assunto.
A garota havia se arrumado como se fosse a um casamento, apesar das poucas e velhas roupas que Silvaneide lhe permitia vestir. Saiu antes de ser vista para evitar que que a sra. que a hospedava interferisse em seu visual e a proibisse de misturar com a garotada sem nenhum juízo na cabeça. Porém pelo atraso, Michelly achou que seus colegas tinha mudado de idéia e não lhe comunicado. Quando voltava pra casa desanimada, escutou o barulho da caminhonete que ira levá-los. Apressadamente, correu para a sorveteria na saída da cidade. Enquanto o transporte se abastecia no posto de gasolina, subiu na carroceria quase sem fôlego. Não era um passeio com a galera gritando, pois a poeira cobria os cabelos que Michelly passara horas fazendo um belo penteado, indecisa em qual ficaria mais bonito e imaginava que tivesse o privilégio de ir na cabine.
Próxima à estrada, um enorme portão que abria caminho para a casa cercada de árvores. O motorista estacionou a caminhonete. Todos desceram e foram recebidos pelo dono da casa. Michelly observava as árvores frescas e sombrias, os jardins perfumados e o ar puro de um belo domingo.
“O lugar é lindo!”
O sol estava escondido numa nuvem que parecia grande floco de algodão. Voltou olhar a decoração dos jardins floridos e verdes plantas rasteiras que enramavam. Não percebeu que não tinha ninguém ao redor, então se pós a perguntar onde foram todos e a se queixar que se atrasava em tudo.
Empurrou a porta semi-cerrada e assim que entrou ouviu um barulho de chocalho. Fechou a porta e gritou, pulou, depois virou-se para o interior da casa, foi então que ficou paralisada ...
(Começo do romance de Jussara Carvalho)
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